Seminário INCT Klimapolis: Impacto das Mudanças Climáticas na Saúde Pública

No último dia 6 de setembro, o INCT Klimapolis realizou o Seminário sobre Impacto das Mudanças Climáticas na Saúde Pública e trouxe uma visão aprofundada e crítica sobre os desafios que o aquecimento global impõem à saúde humana.

A apresentação da pesquisadora Camila Lorenz, bióloga e pós-doutoranda da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, destacou a crescente relação entre as mudanças climáticas e o aumento de doenças, mortalidade e outros problemas de saúde pública.

A Dra. Camila expôs como fenômenos como secas, inundações e a alteração na distribuição de doenças infecciosas estão diretamente ligados ao clima. As ondas de calor e de frio, além da poluição do ar, têm contribuído significativamente para a elevação da mortalidade em várias partes do mundo. Episódios extremos de temperatura, por exemplo, resultaram em mais de 70.000 mortes na Europa em 2003.

A palestrante enfatizou a necessidade urgente de adoção de medidas de mitigação e adaptação para reduzir os impactos das mudanças climáticas na saúde global. A mitigação deve focar na redução de emissões de gases de efeito estufa, por meio de investimentos em energias renováveis e políticas sustentáveis. Por outro lado, a adaptação deve preparar as infraestruturas para suportar eventos climáticos extremos e fortalecer os sistemas de saúde para responder às novas demandas causadas pelo aquecimento global.

Um ponto crítico abordado foi a desigualdade nos impactos das mudanças climáticas. Países em desenvolvimento e populações vulneráveis são os mais afetados, pois muitas dessas regiões carecem de infraestrutura adequada e recursos financeiros para assistência médica eficiente. “ O clima tem um papel fundamental na propagação de doenças infecciosas. Mudanças nos padrões de temperatura afetam diretamente o comportamento de vetores biológicos, como mosquitos, que podem disseminar doenças como malária e dengue para regiões antes não afetadas, incluindo zonas temperadas.” Enfatizou a pesquisadora.

A poluição atmosférica também foi amplamente discutida, destacando os diversos efeitos que os poluentes têm na saúde humana. Desde problemas respiratórios, como asma e câncer de pulmão, até o impacto no sistema nervoso central, cardiovascular e reprodutor, os poluentes atmosféricos são uma ameaça crescente à qualidade de vida das populações urbanas.

A mudança nos padrões de cultivo, devido a secas e eventos climáticos extremos, também ameaça a segurança alimentar. A redução da produção de alimentos impacta a disponibilidade e o preço, levando à desnutrição, especialmente em países em desenvolvimento. Esse cenário tem consequências graves para a saúde, incluindo deficiências nutricionais que afetam o desenvolvimento infantil.

O seminário concluiu com um chamado à ação imediata, reforçando que a crise climática é também uma crise de saúde pública, e as medidas para mitigar e adaptar-se às mudanças devem ser priorizadas em políticas públicas e ações globais.