O auditório da Oca recebeu, no final da programação do quarto dia do SP Meeting INCT Klimapolis, uma série de conferências voltadas ao diálogo entre a ciência do clima e as cidades, reunindo especialistas de diferentes áreas em torno de um tema urgente: como traduzir o conhecimento científico em políticas públicas e práticas urbanas mais sustentáveis.
A abertura foi feita por José Renato Nalini, Secretário de Mudanças Climáticas, que destacou iniciativas voltadas à adaptação das cidades brasileiras à emergência climática. Em sua fala, Nalini ressaltou programas como o Territórios da Água, voltado à conservação e recuperação de áreas de preservação permanente, e o uso de tecnologias para o mapeamento de árvores urbanas. Ele também apresentou o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, realizado anualmente pelo governo estadual, e deu ênfase aos eventos que unem diferentes parceiros. “Quero destacar uma das nossas iniciativas mais recentes, que é o Climathon, uma espécie de maratona de inovação inspirada no formato dos hackathons. A ideia é envolver estudantes universitários e pesquisadores no desenvolvimento de soluções criativas e aplicáveis para os desafios das políticas públicas ligadas ao clima.”
O foco é aproximar a academia das necessidades reais da gestão pública, incentivando projetos voltados para a sustentabilidade e, em especial, para as finanças verdes e mecanismos de adaptação climática. O que torna o Climathon ainda mais relevante é que os trabalhos premiados, segundo o secretário, não ficam apenas no papel: eles são aproveitados e encaminhados para aplicação prática, com a orientação de especialistas e gestores”.
Na sequência, Maria de Fátima Andrade, Coordenadora Geral do INCT Klimapolis e professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, apresentou análises sobre a dinâmica atmosférica nas cidades brasileiras e os impactos da poluição e das mudanças climáticas na qualidade de vida urbana. A pesquisadora destacou como o monitoramento científico pode embasar estratégias de mitigação e adaptação, especialmente em metrópoles expostas a eventos climáticos extremos.
Logo depois, também do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, Edmilson Dias de Freitas aprofundou o debate sobre os efeitos das mudanças climáticas no ambiente urbano, trazendo resultados de pesquisas recentes sobre circulação atmosférica,chuvas intensas, ilhas de calor e seus impactos no cotidiano das cidades. Sua fala reforçou a necessidade de integrar ciência e planejamento urbano, de forma a reduzir vulnerabilidades e construir resiliência.
Encerrando a sessão, foi realizado um debate mediado por Renato Luiz Sobral Anelli, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e curador da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. O diálogo colocou em perspectiva as falas dos palestrantes, articulando ciência, gestão pública e arquitetura como campos complementares para enfrentar a crise climática.
A conferência consolidou-se como um dos pontos altos do encontro, reforçando que as cidades do futuro dependem de políticas baseadas em evidências científicas, inovação tecnológica e participação ativa da sociedade.