Pesquisadores do INCT Klimapolis ampliam debates na COP30

Pesquisadores do INCT Klimapolis estão participando ativamente da COP30, realizada em Belém do Pará, contribuindo para qualificar o debate internacional sobre adaptação urbana, governança territorial e políticas públicas baseadas em evidências. Em uma conjuntura em que a emergência climática se manifesta com intensidade crescente nas cidades, por meio de enchentes e secas recorrentes, ondas de calor, eventos extremos e desigualdades socioambientais agravadas, o Klimapolis se posiciona como uma das principais redes brasileiras dedicadas a compreender e orientar respostas públicas conectadas ao cotidiano dos territórios.

A atuação da instituição durante a COP30 é fruto de um processo que se intensificou nos meses anteriores à conferência, com destaque para o USP Pré-COP30, que funcionou como um espaço de preparação técnica, intercâmbio institucional e antecipação de agendas estratégicas. O evento reuniu pesquisadores, gestores públicos e representantes da sociedade civil interessados em fortalecer o elo entre ciência e políticas públicas de adaptação.

No encontro da USP, a professora Ana Paula Koury (Universidade Presbiteriana Mackenzie / INCT Klimapolis) apresentou os avanços dos Laboratórios do Mundo Real (Real-World Laboratories – RWLs), metodologia que propõe a experimentação direta de políticas nos territórios. “Desenvolvidos em distritos vulneráveis como Itaim Paulista e Ermelino Matarazzo, esses Laboratórios  mostram que a adaptação climática depende não apenas de infraestrutura, mas também de governança local, participação comunitária e capacidade institucional”, reforçou a pesquisadora. 

Koury enfatizou ainda que intervenções urbanas efetivas nascem do diálogo entre poder público, academia e moradores, e que a crise climática requer políticas sensíveis às dinâmicas sociais e aos desafios do território. Para ela, as evidências mais valiosas surgem justamente no encontro entre ciência e vida urbana cotidiana.

O professor Renato Anelli (FAU Mackenzie / IAB) também pesquisador do INCT Klimapolis,  integrou a programação do Pré-COP, trazendo uma visão sistêmica sobre a cidade como um conjunto de redes interdependentes: urbanísticas, ambientais, fiscais e sociais. “ Políticas de adaptação só produzem resultados duradouros quando articulam planejamento urbano, instrumentos regulatórios, modelos de financiamento e compromissos de longo prazo”, esclareceu Anelli. 

Outro destaque foi que o cenário brasileiro atual, marcado por reformas institucionais e tributárias, abre novas possibilidades para alinhar políticas fiscais e ação climática, transformando o planejamento urbano em um instrumento estratégico de resposta à emergência climática.

Na COP30, essas discussões ganham escala internacional. O Klimapolis tem contribuído com a defesa de políticas urbanas mais integradas, capazes de reduzir desigualdades e fortalecer a capacidade dos municípios de planejar e financiar ações de adaptação. Ao dialogar com especialistas, gestores e redes de pesquisa de diferentes continentes, o instituto reforça a importância de metodologias que combinem ciência aplicada, inovação institucional e participação social, pilares essenciais para enfrentar os desafios climáticos que já afetam de maneira desigual diferentes regiões e populações.

As contribuições dos pesquisadores reafirmam que avançar na agenda climática urbana requer articulação entre governos, academia e sociedade, sustentada por diagnósticos precisos, experimentação responsável e capacidade de transformar evidências em ação pública.