O primeiro dia do SP Meeting 2025 -INCT Klimapolis, realizado nesta quarta-feira (24) na Oca, no Parque Ibirapuera, dentro do Fórum de Debates da 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, foi marcado por emoção, reflexão e intensa produção de conhecimento. Logo na abertura, o curador da Bienal e pesquisador do Klimapolis, Renato Anelli, conduziu um minuto de silêncio em homenagem ao arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, de 62 anos, referência mundial no urbanismo ecológico e criador do conceito de “cidades-esponja”. Yu faleceu recentemente em um acidente aéreo no Brasil. Sua ausência foi sentida como um vazio simbólico, já que suas ideias inspiram diretamente muitas das discussões que pautam o encontro.
A programação da manhã trouxe ao público Experimentos de Mundo Real (EMR), experiências que unem ciência e comunidades locais para enfrentar problemas ambientais concretos. O debate inicial girou em torno da segurança hídrica na bacia do rio Pitimbu, no Rio Grande do Norte, destacando como a ciência participativa e a governança adaptativa podem fortalecer a gestão da água. O trabalho mostrou que integrar pesquisadores, gestores e moradores é essencial para enfrentar desafios como a escassez e a poluição hídrica.
Na sequência, os pesquisadores apresentaram um estudo sobre o uso de coletores de nevoeiro para irrigação sustentável em Portada de Manchay, no Peru. A iniciativa, que propõe captar a umidade do ar para suprir a falta de água, exemplifica soluções criativas que podem ganhar escala em contextos de vulnerabilidade climática. O painel da manhã foi encerrado com uma análise sobre a comunidade indígena Potiguara de Sagi, no litoral sul potiguar, que enfrenta impactos territoriais, hídricos e costeiros cada vez mais intensos. A pesquisa ressaltou a necessidade de olhar para esses contextos de forma integrada, respeitando saberes tradicionais e construindo respostas conjuntas.
No encontro, o pesquisador Martin Kohler que coordenou a atividade, destacou a importância do encontro como espaço de convergência: “O SP Meeting é um convite a pensar a cidade como um laboratório vivo, onde ciência, sociedade e política se encontram para criar respostas possíveis à crise climática, pautados no impacto, nos stackholders e na infraestrutura necessária para gerar as necessárias transformações”.