No terceiro dia do workshop, o trabalho foi no coração da zona leste de São Paulo, na comunidade do Torresmo, no Itaim Paulista, palco de uma atividade especial, parte do evento SP Meeting – Real World Experiment in the Ribeirão do Lageado Basin. Este “Experimento do Mundo Real na Bacia do Ribeirão do Lageado” é uma experiência, organizada pelo LabItaim e pela universidade Presbiteriana Mackenzie, para aprofundar o entendimento sobre gestão sustentável de recursos hídricos em áreas urbanas de risco.
A visita iniciou-se na Subprefeitura do Itaim Paulista, onde a equipe foi recepcionada pelo subprefeito Guilherme Henriques e por Aguinaldo Firmino , chefe de gabinete e integrante do LabItaim desde 2017. O subprefeito apresentou um panorama das dificuldades enfrentadas pela comunidade devido à alta vulnerabilidade à inundações, especialmente em áreas de risco. “O Itaim virou um laboratório aberto,” explicou Henriques, “pois temos uma comunidade que depende muito do poder público para sobreviver. Composto por 42 km de córregos e 15 km de afluentes, além de 76 áreas de risco, o Itaim enfrenta grandes problemas com inundações. Queremos fazer daqui um modelo para criar estratégias que possam ser aplicadas em outras regiões vulneráveis, como Sapopemba.”
A atividade incluiu uma visita à comunidade Torresmo e à Bacia do Ribeirão do Lageado, onde o grupo observou áreas planejadas para novos reservatórios de contenção de água. Luciano Abbamonte da Silva , membro da equipe, explicou que uma segunda fase das obras prevê mais três dispositivos de Soluções Baseadas na Natureza distribuídos na bacia em áreas verdes, localizadas nas encostas, com o objetivo de direcionar a microdrenagem e reduzir o impacto das enchentes no local. Entretanto, ele destacou que ainda há desafios para garantir o escoamento correto da água para esses dispositivos.
A Professora Dra. Ana Koury, pesquisadora do INCT Klimapolis/ CIAM Clima coordenadora do LabItaim, ressaltou a importância da iniciativa. “Esse evento, o SPMEETING, nos proporciona a oportunidade de discutir a realidade da comunidade do Torresmo com cientistas e gestores,” afirmou. “Eu e outros pesquisadores estamos desenvolvendo um estudo de caso com a metodologia de Experimentos em Mundo Real, que nos encoraja a pensar sobre política urbana, transformação e o impacto físico das mudanças climáticas nas ocupações.”
Gilmar Xavier, líder comunitário e morador do Torresmo há mais de quatro décadas, trouxe à tona a realidade local, marcada por décadas de alagamentos recorrentes. “Eu moro há 45 anos na comunidade e já passei por 44 alagamentos,” contou emocionado. Eu não sabia que, ao lado da comunidade, havia uma área verde (de preservação ambiental). “Fui construindo mais uma comunidade dentro da minha comunidade sem perceber o impacto que isso teria.”
A experiência de campo na Bacia do Ribeirão do Lageado reforça a importância de unir conhecimento acadêmico, poder público e comunidade para promover mudanças sustentáveis. A ação conjunta entre subprefeitura e universidade busca não apenas solucionar os problemas imediatos, mas também criar um modelo de gestão que possa ser replicado em outras regiões, avançando na compreensão e na prática de uma gestão hídrica mais segura e resiliente para os moradores.