Programação intensa e importante troca de conhecimentos, essa está sendo a tônica do quarto dia do SP Meeting. Com o tema “Community Alignment and Technical Decision Making,” os palestrantes apresentaram seus estudos sobre o lineamento comunitário e a tomada de decisões técnicas em torno das questões climáticas e ambientais. As atividades reuniram especialistas para discutir desde a poluição do ar até a governança urbana em tempos de crise.
O dia começou com a mesa “Poluição do Ar,” que abordou a situacão precária de monitoramento de qualidade do ar no Brasil e os planos de medidas com sensores de baixo custo nas atividades do projeto. Também foram mostrados resultados de modelagem e análises observacionais realizadas pela sub-rede Ar e Ruído do INCT Klimapolis. Anderson Rudke (UFMG), Taciana Albuquerque (UFMG), Nilton Évora (UNIFESP) e Rita Alves (UFRGS) compartilharam estudos importantes sobre a poluição do ar no Brasil. A sessão foi moderada por Pérola Vasconcelos (BmBF/INCT Klimapolis/USP) e Judith Hoelzemann (BmBF/INCT Klimapolis/UFRN), enquanto Márcia Yamasoe (USP), Raquel Ferreira (USP/FSP), Marjorie Yuka Nakanishi Silva (UPM/SP Urbanismo) e Igor Tibúrcio (UFSC) atuaram como relatores, destacando os desafios das regiões urbanas afetadas pela má qualidade do ar.
Simultaneamente, outra mesa virtual abordou a mobilização comunitária para o clima, com transmissões ao vivo de experiências internacionais. O evento destacou o trabalho realizado pelo PrimaKlima, de Hamburgo, e pelo PAVS (Programa Ambientes Verdes e Saudáveis). Luiz Guilherme Rivera de Castro (UPM) moderaram a sessão, que contou com a participação dos relatores Samantha Orui (INCT Klimapolis), Zenaida Lauda-Rodriguez (SEGHID/USP), Fabio Kinker (PAVS) e Mauro Claro (UPM/FAU), todos enfatizando a importância das áreas verdes para a saúde pública e a sustentabilidade nas cidades.
Ainda pela manhã, o painel “Sensores de Baixo Custo” explorou o seu uso desses na análise da qualidade do ar e da água em regiões carentes de monitoramento ambiental. Jean Tavares (INCT KLIMAPOLIS/IFRN), Wilson Cabral (INCT KLIMAPOLIS/ITA) e Leila Martins (UTFPR) apresentaram abordagens práticas para a implementação desses sensores. Moderado por Leonardo Hoinaski (UFSC) e Bruno Pecini (UPM/FE), o debate teve a participação de relatores do INCT Klimapolis, como Igor Tibúrcio (UFSC), e representante do SSUBS, que refletiram sobre o impacto dessas tecnologias no monitoramento ambiental. O professor Leonardo Hoinaski e Igor Tibúrcio que também são pesquisadores do INCT Klimapolis fizeram uma apresentação da nova Plataforma Klimapolis, um desenvolvimento colaborativo que visa facilitar o acesso a artigos e dados relevantes à temática do projeto.
O painel “Comunidades Vulneráveis, Resiliência e Adaptação” também foi realizado com grande participação do público e contou com a presença de Moema Hofstaetter (INCT Klimapolis), Leila Vendrametto (Instituto Alana) e Aguinaldo Firmino (Subprefeitura do Itaim Paulista), além de Gilmar Xavier, representante da comunidade do Torresmo em São Paulo. Moderada por uma representante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e o Prof. Eduardo Gresse (HHU, Alemanha), a sessão abordou as dificuldades enfrentadas por comunidades vulneráveis frente às mudanças climáticas, com relatos de Viviane Rubio (UPM/FAU), Ana Beatriz Souza (CIAM Clima/USJT), Zoraide Pessoa (INCT Klimapolis/UFRN) e André Lossio (Subprefeitura do Itaim Paulista). Durante a sessão, foi feita uma apresentação sobre o impacto negativo para a vegetação da Caatinga e para a população que mora próxima aos complexos das Eólicas e Energia Solar no Rio Grande do Norte e sobre o trabalho realizado pelo Lab Itaim Paulista na Comunidade Torresmo, exemplo de resiliência e adaptação às constantes enchentes. “É difícil de entender quando você perde a sua casa. Quando a prefeitura e a universidade chegaram, a gente ficou desconfiado demais. A gente não entendia que a geologia do lugar não permitia moradia. Mas hoje, com a comunicação que temos, tudo está mudando para melhor. Quando, no passado, um favelado como eu, estaria aqui na mesa falando com os doutores dentro da universidade?”, questionou otimista Gilmar Xavier, representante da Comunidade do Torresmo, na zona leste de São Paulo.
A programação da tarde seguiu com a sessão “Governança e Ciência em Tempos de Crise,” que trouxe exemplos de governança climática responsável aplicada a crises urbanas. Cathrin Zengerling, da Universidade de Freiburg (BmBF/INCT Klimapolis, Alemanha), Ricardo Alcântara (INCT Klimapolis/UFRN) e o Professor Gianpaolo Smanio (Mackenzie Presbyterian University, São Paulo) falaram sobre justiça climática e a dificuldade de assegurar na prática que as comunidades mais vulneráveis, que menos poluem, não sejam a parte da população que mais sofra com os efeitos das mudanças climáticas . Moderado por Solange Teles da Silva (Faculdade de Direito da UPM) e Zoraide Pessoa (INCT Klimapolis/UFRN), o debate foi acompanhado pelos relatores Andressa Ledo Marques (CIAM Clima/UPM), Angelica Benatti Alvim (CIAM Clima/UPM), Aprile Mucedola (INCT Klimapolis/UFRN) e Glácia Marillac (UFRN/INCT Klimapolis). Este painel destacou a importância de políticas públicas alinhadas à ciência e ao bem-estar das populações urbanas.
A programação foi finalizada à noite com uma palestra plenária pelo Prof. Guy Brasseur, cientista do Instituto Max Planck de Meteorologia e mentor e coordenador do projeto BmBF Klimapolis, sobre Mudanças Climaticas e Qualidade do Ar. De forma presencial e com transmissão ao vivo, a palestra trouxe uma visão abrangente sobre as interações complexas entre clima e poluição atmosférica, destacando os maiores desafios que o mundo enfrentará para a adaptação e mitigação dos impactos da mudança do clima, frente ao contínuo aumento de gáses de efeito estufa.A moderação foi realizada por Judith Hoelzemann, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e Regina Maura, da Universidade de São Paulo (USP), ambas integrantes do INCT Klimapolis que contou também com uma equipe de relatores: Diego Arruda (MPI-M, Hamburgo), Eduardo Gresse (Universidade de Hamburgo), Rita Ynoue (IAG/USP) e Ana Paula Koury (MACKENZIE/SP).